Rezadeira, contadora de histórias, escultora. Estes eram os ofícios da sergipana, Josefa Alves dos Reis. Nascida em Poço Verde, Sergipe, em 7 de agosto de 1925, Zefa, como era conhecida, passou boa parte de sua mocidade no estado Bahia, enfrentando as agruras da seca, que assolava o sertão brasileiro.
Em 1962, com 37 anos, Zefa, para fugir da estiagem do sertão baiano, encontrou o sertão mineiro: Araçuaí. Foi ali que Zefa começou, então, a escrever uma nova história. Aliás, talhar uma nova história.
Por cerca de uma década, Zefa caminhou no sentido de encontrar sua vocação: começou a pintar, depois a criar peças com uma mistura que fazia com o barro. Este período resultou em importantes trabalhos, mas foi na madeira que Zefa esculpiu suas principais obras e sua própria história.
Com o passar do tempo, Zefa aprimorou seus conhecimentos e técnicas, seus trabalhos, de traço firme, começou a ganhar notoriedade tanto no Vale do Jequitinhonha quanto fora dele. Seus trabalhos chegaram a países como Alemanha, França, Áustria, Holanda, Itália e Estados Unidos. Tornou-se mestra, transformando em arte tudo o que a terra, também seca, do Vale do Jequitinhonha produzia.
Apesar de ter se tornado uma artista de prestígio, participando de feiras e exposições importantes, Zefa teve uma vida simples, sem riquezas materiais ou luxos. Sempre dedicou-se a transmitir a outros seu ofício e dividia, além do seu conhecimento sobre a arte de esculpir, toda a sua sabedoria.
Em 1º de novembro de 2018, Zefa, a filha de seu João Alves dos Reis e Josefa Batista dos Reis, faleceu na cidade que viu sua obra nascer. Zefa partiu, mas como uma forte sertaneja, retirante e, principalmente, mulher, Zefa resistiu em muitos aspectos durante toda a sua vida, nos ensinando a resistir também.
Assessoria de Comunicação